sábado, dezembro 13, 2008

Na tentativa de entender nem sei o quê

Ai, minhas dores que não tem remédio para curar. Aquelas que doem no máximo do amargo. Que apertam, mas apertam tanto que me sufocam entre as lágrimas e os soluços. E eu sem conseguir respirar penso num possível porquê disso tudo. Dor da traição da pessoa que tu mais depositou confiança na porra da tua vida. Da dor de quando a ficha finalmente cai e tu percebe que foi só mais uma. Mais uma que ele não quis e cuspiu. Na pior das hipóteses que ele queria mais e tu não tinha mais para oferecer. Que ele nem não quero mais disse e ficou por isso mesmo. Dor de se sentir tão sozinha e não querer compartilhar com ninguém tamanha humilhação. Choros que parecem sem fim, e que quando acabam revolucionam. A dor se esconde e surge a mágoa. Que vem junto da vontade de mudar. De tentar mudar aquilo que não está mais tão bom. E se ficar pior, que se dane, já tá tudo na merda mesmo. Vontade de levantar a cabeça e enfiar nela de uma vez por todas que mais um erro é mais um aprendizado. E que pelamordedeus que não seja necessário bater a cara de novo.
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E que droga! Porque eu tenho que me privar de tudo se todos aqueles que não se privam de nada e forçam todos os limites para ter tudo só pra si se dão bem? Eu queria essa atenção que ele dá pra ti. E tu usa sombra verde. Eu vou usar a azul e ele me chamará de ridícula. Tu é gorda mas ele quer essa tua merda de amizade. Eu não sou gorda e eu não sei o que ele quer de mim. Tu é um poço nojento borbulhando de hipocrisia e falsidade, eu sou aberta e sincera dentro de meus escrúpulos, mas e aí? E ele não quer. Eu não entendo isso.
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Férias: o tempo que eu preciso para fazer tudo o que eu queria e não podia por que na manhã seguinte o despertador iria gritar as 7 horas. Comecei hoje cedo pela zona que se chama meu quarto. E se já não bastasse tanta bagunça meu pai fala a coisa mais imbecil que ele já falou na minha frente:
-Hmmm, bruna caprichando no ninho do amor!
Juro, meu deus, juro...
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Eu detesto 'pegar' alguém para ser inspiração dos meus escritos. Mas se eu não pegar eu não terei o que exatamente escrever. Se minha vida se resume nisso nesse momento, eu tenho que escrever sobre isso. Mesmo que esse 'isso' seja você. Dessa minha certeza que tu não gosta de mim, de que eu não gostava de ti, que gostei e parei de gostar tudo isso em dois dias. É ter a certeza que nós dois somos só os dois que no fim tiveram que se aturar por mais algumas horas. Não que foi um sacrifício, mas só nós dois sentíamos essa certa descomodidade. Nossa relação começou do mesmo jeito que irá acabar: do nada. E se um dia eu me importei sobre o que tu pensou sobre mim, se tu pensou em mim, o que tu fez ou não em relação a mim, agora já é inútil. Nossas conversas eram melhores quando eu não tinha nenhum sentimento por ti, e continuariam não tendo até eu me confundir e achar que poderia ter algo mais depois daquilo. Mas tu sempre soube que isso não iria ir mais longe do que já tinha ido. Lá do início quando eu não esperava nada de ti. E eu já me afastei de ti para tu não fazer isso por mim.


“Eu não me apaixono mais por ele. O que significa que agora podemos nos relacionar. O que significa que agora, posso ficar tranquilamente ao lado dele sem odiar meu cabelo e minha bunda e minha loucura. E posso vê-lo literalmente duas vezes ao ano, sem achar que duas vezes na semana são duas vezes ao ano. E posso vê-lo ir embora, sem me desmanchar ou querer abraçar meu porteiro e chorar. Consigo até dar tchauzinho do portão. Tchau, vou comer um pedaço de torta de nozes e assoviar. Tchau, querido mais um ser humano do planeta. (...)
Ah, se ela tivesse agido assim. Tão normal, tão simpática, tão leve, tão boa companhia. Ao invés daqueles surtos de ciúme, daquelas cobranças por mais intensidade, daquela necessidade em acordar de madrugada com medo da vida, daquela arrogância pra cima de mim e dos meus amigos que não sabiam conversar de livros, filmes, músicas e dor na alma. Se ela tivesse confiado assim no taco dela. E sorrido mais. Se ela tivesse me amado sem amar. Ou como amam as pessoas que conseguem se relacionar. E eu lá, sendo adorada por ele, justamente porque não o adoro mais. Ô vidinha filha da puta.”
Tati Bernardi

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