domingo, abril 26, 2009

DEIXE ESTAR, DEIXE SER

de quando eu tinha o cabelo curtinho. não tinha bunda, nem coxa. era magra; de quando minha sobrancelha era finíssima; de quando eu fazia chapinha três vezes ao dia.
eu adorava meu cabelo curtinho e liso.
mas na verdade eu sempre quis ter cabelão.
mas liso. de quando eu me poupava de menos pra coisas tão legais.
meus interesses tão ligados a coisas que hoje já nem existem...
as banalidades que eu considerava tão essenciais.
as pessoas que eu tanto me importava se estavam bem ou não, e esquecia de mim.
tendo noites insones chorando as amarguradas de todo mundo.
carregava sentimentos tão inapropriados dentro de mim. não sabia onde enfiá-los.
como me libertar deles, desse peso, desse fardo.
e ninguém se preocupava em dizer: você está bem, precisa de ajuda? só eu. e para os outros.
nunca tinha disso isso para mim mesma. nunca tinha me perguntado se eu, por acaso não queria viver de outro jeito. eu achava que isso era impossível.
eu? aaaah eu. eu jamais vou deixar de ser assim. sou muito cabeça dura, sofrerei as dores alheias para o resto da minha vida.
o tempo, nesse instante já - o it - já não importa. a marcação de tempo e espaço já não presta pra mim.
mas o agora sim. o que escreverei já passou e serviu como um tabefe na minha cara.
simplesmente eu estava insuportável. minha amargura era tanto que chegava a ser palpável -ignora o clichê-
eu já tinha feito tudo o que minha mãe acha que eu nunca tinha feito. já tinha realizado façanhas que nunca, jamais, pensei em fazer. eu fiz. e meu poço foi ficando cada vez mais fundo. nada que eu fizesse poderia mudar. então, de súbito, comecei a ouvir o que os outros me diziam - ou melhor, os que ainda tinham paciência pra isso.
-e sabe de uma coisa? era o que sentia. foi isso e aquilo que aconteceu. era a minha dor e ninguém tinha nada a ver com minha dor. Porque ela era só minha.
ponto um: por que eu vivia me lamentando que ninguém me escutava? eu simplesmente poderia escrever -lesse quem quisesse- e não escutar os lamentos dos outros.
-chega, guria! não faz mais sentido tu chorar. o piá nem se importa contigo. mas afinal, por que tu tá chorando? Tu gosta dele? –balbuciando: eu. ahmm.. eu. não sei –chorando mais um pouco.
ponto dois: ele via que tu tava chorando bruna. E não fez nada. E tu vai deixar por assim só? No mínimo, depois de tanta merda que tu fez, tu poderia ajuntar os cacos do teu orgulho do chão e bola pra frente. Se for amor, ódio ou indiferença não importa. Tudo se supera ao seu tempo.
-chega amiga. O que já passou, passou. Para de pensa no passado! Vive o agora, curte o máximo nesse instante. Libera essa coisa ruim, põem um sorriso na cara, ta tudo ÓTIMO, A VIDA É MARAVILHOSA!
ponto três: eu tenho 20 dedos. Dois braços, duas pernas. Não sou cega, surda ou muda. Tenho pessoas que gostam de mim. E querem me ver bem. Nem que seja só minha mãe e meu cachorro. Eu tenho tudo o que eu preciso pra ser feliz. Por que eu to reclamando? Por que viver com os problemas do passado? O que importa é não criar mais problemas no presente.
-ESQUECE E CURTE ESSA MÚSICA!
Ponto quatro: fala-se por si.
O que eu sou agora? A menina mais feliz do mundo. Claro que existem as recaídas. Claro que nem tudo ta perfeito. Mas o que está perfeito é muito maior do o que ta ruim. Eu consigo relevar o ruim. Eu consigo erguer a cabeça e dizer: já passou. Eu consigo, finalmente, entender que a vida é muito boa pra deixar se passar sem entusiasmo, sem importância. Consigo ver o que, e quem, são minhas prioridades. Meus conceitos mudaram. Eu sou mais aberta, mais receptiva, menos brava, menos preconceituosa.
E sei que parece texto de coluna de revista feminina ‘conte sua surpreendente história’. Pra mim é surpreendente. Eu não quero meter moral em ninguém, além de mim mesma. Escrever isso foi mais pra provar que eu to no caminho certo. Alguns tropeços, tombos, batidas de cara em caminhões ou perdas de sapatos no meio da rua... tudo está ótimo.

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