sábado, setembro 26, 2009

Pílulas e comprimidos coloridinhos, e pozinhos, toma mais esse ó...

Eu entrei lá, e ela toda perfeita, venho me receber. Sem um fio de cabelo fora do lugar, com luzes perfeitamente distribuídas sobre eles, batom rosa combinando com o esmalte da unha, só um pouquinho de blush, rímel e lápis de olho impecáveis – sem nenhum borrão. A pele lisinha, voz delicada, a pessoa inteira delicada, roupa ajeitada e sapato maravilhoso. Fora o perfume. Aquele doce que eu nunca descobri qual que é... Me senti um lixo. Cabelo desgrenhado, cara com espinha, pó compacto e rímel em excesso e lápis de olho todo escorrido. Pelo menos a unha estava feita. Algumas perguntas, alguma respostas e eu falo: ‘hem, ahm.. eu não tenho...’ ‘não??! Mas tu...’ e a voz calorosa e simpática dela abaixou uns 12ºC. Ela olha pra minha mãe, que compreende minha situação e desesperadamente tenta me ajudar. A partir daquele dia eu me sinto mal. Não tão mal como já me senti, mas me sinto mal. Eu queria rir, chorar, gritar, me defender, ‘nãão!!!!’. Ela me receita mais alguns remédios, me examina e encaminha alguns exames e me dá um beijo. “Vamos ver o que dá o resultado, né.” Eu saio de lá querendo arrancar minha alma de dentro do meu corpo, querendo cagar alguém a pau, me enfiar num buraco e nunca mais sair. Como eu me arrependi de ter ido até lá. Eu estava tão bem, com um problema a mais, outro a menos, eu levava... Tomava algo quando precisava e ninguém me humilhava. Minha alimentação nunca foi ruim e eu malho pelo menos três vezes por semana, quem é tu também pra vir mexer em mim? Claro que não é nenhum câncer, nem nada grave. Mas é tão ruim descobrir que algo não está bem contigo. E o tempo todo tem gente bem pior, ou com os mesmo problemas que nós, mas quando é com a gente.. é com a gente. Pelo amor de Deus, que quê eu tinha que ter ido ao médico? A gente é mais feliz quando não sabe dos nossos próprios problemas.

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