domingo, fevereiro 07, 2010

Devaneios alongados parte V

Minha mãe falou que a Regina leu as cartas. Daí eu dei uma gargalhada descrente. ‘A Regina lê cartas? Certo. E o que ela disse?’ Ela disse: ‘que uma das minhas filhas vai morar no exterior e não vai voltar mais (eu quase chorei quando ela falou isso, mas eu tenho quase chorado por tudo mesmo), que a minha doença vai ter cura (a doença da minha mãe AINDA não tem cura), que eu devo cuidar mais de mim, e que eu tirei o Imperador. O Imperador quer dizer que eu tenho autoridade. Que eu mando e comando tudo. Mas não de uma forma errada (lê-se: tirana.) (isso é verdade, mas minha mãe vive se implicando com a Regina). Ah, e ela falou que a Marilan tem que dar mais pro marido dela. E é verdade. A Marilan tem uns problema sério com o marido dela.’ Eu falo: ‘E o que a Reina sabe da tua vida pra falar sobre isso?’ ‘Bom, ela sabe que vocês estão indo estudar fora, e que eu tenho dificuldades...’ ‘Hm.’
Na verdade eu nem sei quando eu tenho sede, vontade de fazer xixi ou quando estou cansada. No Jump o Andy dizia, ‘se tu cansou como eu, vai com calma, ó, faz os passos assim, respira... mas NÃO PARA’. Aí eu me dava conta que estava cansada. Mas fome eu sei identificar.
“Srtª. Clarice Fátima(na verdade é sem acento),
Eis uma das inúmeras e desconhecidas ruelas desta cidade mineira por onde transita uma perdida gaúcha.
Denise, agosto, 1978 – Uberlândia – MG – Brasil”. *De quando minha tia resolveu que ia se mandar de Erechim morar em Uberlândia. A foto do postal é bem legal.
Eu gosto tanto de um som baixinho. Uma batida fraquinha. De silêncio. Lá longe algum ruído de carros, vozes, por que não do mar também? Essa paz que eu tento encontrar dentro de mim se produz no ambiente que me cerca. E assim eu me sinto tão bem. Tão calma. Sem esperar que nada aconteça, nem de mim nem por parte de outros. Sem compromisso. É tão difícil de relaxar que quando enfim conseguimos, não sabemos aproveitar. Nem talvez identificar.
Eu sempre tentando definir sentimentos com palavras, muitas vezes conseguindo como agora: emocionada. Estou sentindo uma emoção que parece que eu to nas nuvens. Eu não sei direito. Não sei nem se devo sentir isso. Mas é tão bom. Eu me sinto tão feliz...
“Pai diz: -Mas lá nos restaurante que nós jantamos na formatura, era... agronômica...? não sei...
Mãe diz: VILA GATRONOMICA HOMEM!
Dois minutos se passam, pai diz: -Mas lá, na praia, no fim, no tobogã, não, no bondinho...
Mãe diz: bondinho, tobogã???? (riso muitos)”
RS, Santa Maria, dia 18 janeiro de 2009, às 14:12: ‘Coisas que eu não queria que tivessem sido jogadas fora na mudança: -1 lata de pomarola, 2 copos de requeijão, 1 pinheirinho de natal, sabão em pó, provas da UFSC, várias folhas, comida, 1 caixa de ferrero rocher, 1 embalagem de blusa da gang, shampoo. Coisas que eu queria que tivessem sido jogadas fora na mudança: -eu, eu, eu, Bruna.’ Depressão pós enfrentar uma mudança com o gênio irritante e agressivo de minha irmã. Tipo, meu pai dois. Eles mandam, tu chora.
Eu acordei irritada, porque ninguém me chamou. E o cara do pc diz que vem hoje. E disseram que iam me chamar pra me acordar. Aí não tinha pão. E o bolo de chocolate com cereja que eu tinha feito ontem e comido só um pedaço não tinha mais. Aí eu resolvi que ia tomar leite com Nescau, e não tinha mais Nescau. Conseguiram consumir o MEU Nescau. E só tinha ameixinhas vermelhas. Elas não estavam suficientemente maduras (ainda muito ácidas pro meu paladar) e tinha melancia, mas que come melancia quando acorda? Então eu fiz um café e fui assistir o programa da Ana Maria Braga. Ela ta reprisando, e mostrava na TV uma receita de frango que a mãe dela estava preparando. Era engraçado porque a Ana Maria falava a receita e a mãe dela repetia, e de repente ela falava: ‘não, não, é assim... ’. E ela falava a receita do mesmo modo que a Ana Maria tinha dito. A mãe dela tava toda calminha e repreendia a Ana, e a Ana por sua vez faz o que todas as filhas fazem quando são repreendidas: viram os olhos. Tipo: ‘até na frente das câmeras mãe?’ Elas provam a comida, se abraçam e volta o programa ao vivo, e lá está Ana Maria Braga chorando, muito emocionada, ela olha pra câmera e diz: ‘Se você tem mãe, cuide bem dela. Fica bem pertinho dela, que isso é a melhor coisa que se tem’. Quem começou a chorar fui eu. A gente nunca cuida do que tem. A velha história que do que só sabemos dar valor quando perde. Essa é uma das coisas que infelizmente temos que aprender por si próprio.
RS, Santa Maria, dia 09 de janeiro de 2009: ‘ok, chega, a paciência acabou. Se o filho da mãe do vizinho do ape de cima não parar de ouvir rehab da Rihanna a todo volume do modo repetição contínua eterna eu vou gritar. Fora isso minha estada no ape da minha irmã está todo bem (claro animal, nos primeiros dias é fácil aguentar a irmãzinha) e eu nem alaguei o banheiro dessa vez (literalmente). Uma constatação: estudar demais, cheirar pacote de trident de menta demais, ter que ficar no mesmo ambiente de que minha semi-prima enquanto ela faz uma espécie de carreteiro faz MAL PRA SAÚDE. ACREDITEM.
Agora lembrei algumas peculiaridades da cozinha de Rachel(lê-se: reitchéul): café da manhã: iogurte, bolinho do Nacional, café, pão, margarina. Não tem lanche da manha porque ela acordava tipo 10 horas. Almoço: carne moída, com cenoura cozida, ovo frito fritado em cima do arroz (caaaaaaaaara, até aqui tudo bem, mas ela fazia tudo junto o cozimento, tudo numa só panela, isso não é normal e o fedor que aquilo exalava TAMBÉM não era nada normal). Lanche da tarde: bolinho do Nacional, alguma fruta, dormir(opa, dormir não é comida) e mais alguma coisa até porque eu não ficava rodeando ela. Janta: bolo do Nacional mergulhado em iogurte de morango. Olha aqui seus burros pra aprender: você pega um prato fundo, tipo de sopa, coloca grandes pedaços de bolo e joga o iogurte por cima. Dirige-se até a sala, senta em frente à TV pra assistir a novela das oito e começa amassar o bolo. Cuide para que o iogurte não respigue em tua roupa (no caso aqui, a camisola que ela não tirou o dia inteiro). Quando o bolo acabar e sobrar iogurte, fique escavando com o garfo o fundo do prato. Fazendo bastante barulho. E só vá lavar o prato quando a novela acabar. Essa é umas das jantas. Ruim quando ela esquenta aquela gororoba de almoço de carne moída e vai comer no sofá ou quando ela leva no prato 5 pêssegos pra comer enquanto assiste à novela. Quando a novela acaba o namorado de Rachel vem visitar ela. Ele traz algum tipo de fast food e Heineken pra comerem no quarto. Mas a Rachel é normal, sabe. Ela tem um coração grande, ela só é iludida com a vida.
“Mãe pro pai: ‘-tu viu, Gilberto, que velhinha que a Kita ta? Já ta com 10 anos.’
Pai: ‘são quatro anos a mais na conta da nossa idade pra deles né?’
Mãe: ‘não, não, acho que não. A kita deve ta com uns 40 anos’
Eu: ‘desculpa, mas 10x4 é quanto...?’
Pai: ‘ããããã, Clarice...!!!!’
E com uma boa família nós ficamos tirando com a cara da mamãe.”
“-Ah! Eu sabia que a Luciana ia dar pro Miguel!
-Eles não iam se casar?
-Não, ela ia se casar com o Jorge.
-Mas não é o Jorge o médico?
-Não, o Miguel é o médico.
-Mas QUEM É O JORGE ENTÃO???
-O certinho, Bruna. Para.”
Eu to a ponto de surtar de sair gritando. De dar chutes e socos em todo mundo que cruzar meu caminho. Eu não paro de pensar em o quanto eu preciso mudar isso. no quanto ta insuportável tudo isso. Mas pra onde eu vou? Que eu vou fazer? Vontade de ficar quieta. Num cantinho bem pequeno. Escuro. Sozinha. Invisível. Silêncio. Impossível. Ta tudo tão maçante. Eu não agüento mais.
Provavelmente minha mãe não vai gostar de ler isso. Mas agora ela não está aqui. Eu nunca fui de ‘consumir substancias avessas até a morte’. Não comparada a minha irmã. Mas de repente eu fico sabendo de gente que acorda na grama. que acorda na casa de não sei quem com a mãe desesperada no telefone e eu me vejo pura, digamos assim. Nunca pude fazer nada fora do padrão (beber e voltar pra casa sabendo o caminho) –então eu já escapei do padrão. Porque sempre teve a bruna pra cuidar dos outros. Isso inclui minha irmã amada thuane. Eu lembro de uma vez ter ido ao mercado de tarde com minha mãe, num dos quatro dias do carnaval. Na volta pra casa, em plena sinaleira, me passa um homem – o homem. Sem camisa, com a caneca pendurada no pescoço e com a cara amassada dizendo: res-sa-ca. Minha mãe esqueceu da sinaleira – e eu juro que o tal homem no auge de seus 25 anos, sentiu-se abusado de tanto que eu e minha mãe nada convencional olhamos praquele peito enorme. Quem sabe eu goste mesmo dessa vida boemia. Carnavalesca. Quem sabe eu esqueça desses meus dias (noites?) sombrias.
(17/01/09 às 16:58
Já 2009. Quase fim de janeiro de 2009. Percebo que se passou um mês e eu nem notei. Que mais uma vez sinto que foi um mês improdutivo. Olho no calendário e tem mais 11 meses. Que eu sei que não farei nada de útil.
Eu olho a caixinha de tic-tac menta e penso em comê-la todinha. Agora. De um vez só. É o meu remédio. Remédio de uma retardada que não consegue deixar de pensar que não há mais razões.)
Todo mundo fala sobre Avatar. Eu não sabiado que se tratava Avatar. Só sabia que era a lutaentre o bemeo mal. Eu fui nocinemaassisira Avatar com minha mãe. Eu não tenhoaindaumaopiniãosobre o filme. Mas é dauelesfilmes que tu sente calafro a todainstante. E eu me apavori sabe. Porque foi tipo: nósnativosconhecemosamata.essaé a nossa única vantagem sobre eles. Tipovietnã. !!!!! e seatacarem o brasil por causa de água??? E o aqüífero guarani aquie eem erechim???? Morrereos. Foicomo ojack disse: quando um povo tem o que vocesquerem eles setornam inimigos devocês!!!! Eu pretendo fazer uma breve pesquisada no ooge pra saber melhor sobraavatar. aha Ecomo vocês podem veresse teclao fexível vermelho émabstaaaa .. temqu ficarclixando e o spacenão fnciona. Eu vou dormir. Me irritei.
Nós saímos do cinema depois de Avatar e entramos do mercado. Não tinha música ambiente. O super tava em silencio, a não ser as pessoas conversando. Depois da surdez que o filme nos causou um silencio estranho. Na saída da garagem o rádio começa a funcionar... ‘but jah provide the bread, is this love, is this love, is this love…’ Reconfortante.

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