sexta-feira, abril 30, 2010

Devaneios alongados parte VII

*Mais trabalho do que tempo, mais dor do que cabeça, mais sono do que noite. E olha que eu não faço praticamente NADA.
Eu tenho uma prima mais velha que eu. Quando eu tinha 10 anos, ela tinha uns 20. (agora ela tá casada com um argentino, morando sabe-se lá aonde, com uma filha recém nascida). Uma vez ela me deu um urso. Ela tinha ganhado o tal urso de um namorado, e não suportava mais olha pra cara de ambos. Eu achava engraçada a situação. Agora, eu acho que simplesmente se desfazer do bichinho, é pouco. Ela tinha mesmo é que carbonizar o desgraçado. Expurgar de uma vez por todas. Assim como eu, 17 anos atualmente, tenho vontade de fazer com certos, hm, objetos.
Na universidade todo mundo é quieto. Desconhecido. Já no orkut todo mundo é malandro. Pode me chamar disso, sou o rei daquilo, só tenho foto bêbado zuanucusbródi, minhas comunidades são fodas e meu perfil é auto-explicativo! ÉISSOAEMEXMO,MANO.
Hoje (08/03/10) eu ganhei uma rosa de um homem. A mensagem era: “Mulher, beleza única, repleta de mistérios e encantos, graça que deve ser lembrada, amada e admirada todos os dias. Para você, mulher tão especial... PARABÉNS PELO SEU DIA! Uma homenagem do Grupo RIC” Mas a intenção foi válida. Estavam distribuindo as rosas na praia. Mais que isso só o beijo que meu colega me deu, com os dizeres: parabéns pelo teu dia! *--------------------* Fofo.
É facílimo identificar argentinos aqui em BC. Eles andam em grandes grupos. E todos tem uma sacola da Havaianas na mão. Eles são os únicos que entram nessa lojas de ‘compre 5 pague 3!’ ‘uma camiseta por R$5, 4 por R$15’ e saem com 10 camisetas pulando fora de sacolas plásticas rasgadas. Eles lotam as capetarias. E os hotéis com diária de 5858856758mil.
Quando eu fui embora eu ainda tinha meus pais. Quando meu pai foi embora eu ainda tinha a minha mãe. Ma quando minha mãe foi embora eu me vi completamente sozinha. Me bateu um desespero. Tudo arrumadinho do jeito dela. O chinelo do lado da cama. As anotações em cima da mesa. Imensa vontade de chorar. E chorei. Pisquei e entendi que eu tô aqui pra viver de uma forma diferente, que eu mesma escolhi. Que eu quero isso. eu não to aqui a veraneio e nem pra ir à universidade para assistir palestras. A ficha caiu. Finalmente. Lavei meu rosto e passou. Passou e agora é assim.
Quem foi que inventou o trote para calouros nas universidades? Só digo uma coisa: participe, desde que você não more em São Paulo. O meu foi muito, muito, muito legal. Ta certo que eu não lembro do caminho de volta pra casa, e também não sei como eu achei a van pra ela me leva pra casa. E que eu levei nessa ordem: vinagre, tinta, café, ovo, tinta, vinagre, farinha, mais ovo, mais café, banana, halls e perfume barato. Que a imaginação aflore aí. E eu consegui mais de 20 pila no sinal. O que foi relativamente bastante, já que era de noite e não era no centro de Itajaí. Segundo os veteranos, eu não passo fome. Dica: não peça para motoqueiros(óbvio) nem pros caras de Renault, BMW, Hyundai, e outras espaços-nave. Os ricos são os mais pão-duros. Peça pras velhinhas, mães de família e caras bêbados(tem que eu vi). E um salve pro regador de plantas da prefeitura. Muito útil pro ovo e pra farinha dos cabelos virarem massa de pizza. “-E aí Bruna, acabou a fedentina? –Sim, o shampoo também acabou...” :(
A vista da cobertura do 15º andar do condomínio dele era linda. Tinha duas vistas pro mar. Uma pro molhe, bem à frente e uma pra barra norte, à esquerda. Aí ele disse: ‘essa minha vista é privilegiada.’ Quando eu fui concordar, ele continuou: ‘sempre vejo alguém fodendo ou trocando de roupa...’Aí eu não consegui mais olhar pra cara dele.
Ok, começou a fase: surte quando quiser, viva se puder. Trabalhos, trabalhos, merdas de colegas, que chegam atrasados na aula, se enfiam em teu grupo sem pedir licença, não fazem absolutamente porra nenhuma, riem das tuas idéias e acham que a as próprias são muito melhores. Mas, nem por isso as colocam em prática. SURTE. Mas não tanto. Eles não estão preocupados em saber se tu está preocupado, porque eles sabem que tu se responsabiliza e vai fazer, diferente deles, que a única participação será o nome na capa do trabalho. Que eles não fizeram.
Me encantei com um colega meu, que descobri ser meu colega, mais ou menos na terceira semana de aula. Também descobri, após ir conversar com ele, que ele é muito retardado. Tipo. Não dá. Eu não consigo mais olhar pra cara dele sem lembrar dos foras que ele fala casualmente. Eu que era toda querida nem mais oi dô. Bem que ele notou, sabe. Mas como ele é retardado, foi tarde demais.
Mulher adora responder a testes, questionários, etc. (e deve ser porque assim, nos conhecemos melhor, tentamos nos ajudar e melhorar o que está ruim). Outro dia respondendo um sobre se eu estava preparada para um intercambio, uma das perguntas era: você é responsável com suas tarefas? Você é organizada? Você cuida bem das suas coisas? Na hora eu: NÃÃÃÃÃÃÃO. No dia-a-dia: SIIIIIIIIIIIIIIIIIM. Muito mais do que muita gente, muito mais do que eu preciso me preocupar, muito mais do que eu devo organizar.
Eu gostava de perder minhas tardes de domingo no computador só olhando site bonitinho. O sol ia caindo e penetrando por entre as cortinas rosa salmão. Ia dando claridade na tela do computador. E eu ali, encantada com o que via. Fotos, textos, mais fotos, só o que eu gostava. E agora eu to aqui. O sol não entra pela janela. A cortina não é rosa e meus pés estão frios. Mas se eu olho pra fora eu vejo o mar. Minha vida era morar na praia. E eu vejo o mar todos os dias. Benção.
“Clarice diz (23:26):
* vamos cuidar da nossa vida
* vces tem trancado a porta legal?
bruna diz (23:26):
*não, a gnete fecha chato”
E eu já enchi o saco. Eu queria ficar a tarde inteira lendo meus romances, escrevendo meus textos, entrando nos meus sites legais, atualizando os blogs, ouvindo uma música boa, tirar fotos. E esse tempo acabou. Eu fico no PC lendo texto pra universidade, me arrumo pra ir pra universidade, todos os livros que eu leio são pra universidade, minhas conversas no msn são com os meus colegas de universidade sobre trabalhos feitos de última hora. Que saco. Eu to ficando triste. E não tem mais nem minha mãe pra ouvi minhas mazelas. Que só ela me entendia (ou fazia que sim). Não quero mais. Me devolve as barbies que eu vô chuta a casinha.
Eu quero minha mãe. Toda essa minha responsabilidade está me deixando louca. Literalmente. Eu não quero mais saber de lavar a louça, a roupa, o chão, fechar portas e janelas, desligar a tv. Não quero mais lidar com essa gente má. Adulta. Eu não quero mais ser adulta, me fingir de adulta. Eu sô criança. Eu tenho 17 anos. Que porra é essa de ter que escolher curso com 17 anos? Eu quero me esconder embaixo da cama. E quero que minha mãe me ache. Me dê colo. Me proteja desse mundo que está e puxando contra minha vontade. Contra meu senso.
“-Mas essa folha ta toda sublinhada, Bruna.
-Eu já tava bêbada ali. Tudo o que eu lia era importante.
-Sai daqui.”
Ele está visivelmente a fim dela. Piá novo, é foda. Dá bandeira demais. Ela chegou falando no celular e nem deu bola pra ele. Mas ela sabia que ele ia notar. Ele pegou o celular dele e enviou para uma tal de A.P. a mensagem: ‘vai ficar em casa hoje? Haha’ Pensa, então, que só te ligam quando foram esnobados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário