quinta-feira, junho 03, 2010

"(...) Jesse riu e empurrou a porta.
— Bem-vinda ao meu humilde lar.
Leigh olhou em volta. Ela notou o chão que rangia e a mesa de fazenda gigantesca e gasta e o cobertor de crochê jogado casualmente no sofá e, apesar de já ter se apaixo¬nado pela casa inteira com base nesse primeiro aposento, suspirou alto para causar efeito e disse:
— Jesse, Jesse, Jesse... você realmente gastou todos os seus ganhos em cocaína e prostitutas, como os tablóides alegam?
Ele sacudiu a cabeça.
— Cocaína, birita e prostitutas.
— Falha minha.
— Muito bem, então, vamos começar? Normalmente, eu trabalho nos fundos, depois da sala de estar, então por que você não se acomoda lá e eu vou levar drinques — ele abriu a geladeira e se inclinou de lado para olhar dentro. — Vejamos, eu tenho cerveja, um vinho branco de mer¬da, um rose não tão merda e mistura para Bloody Mary. Acho que está um pouco cedo para tinto, não acha?
— Acho que está um pouco cedo para qualquer coisa, Eu vou tomar uma Coca diet.
Jesse estalou os dedos e puxou uma garrafa pela meta¬de de Ketel do freezer.
— Excelente escolha. Um Bloody Mary saindo.
Ela já sabia que não adiantava discutir com ele e, além disso, ele parecia estar precisando de um drinque para rebater a ressaca da noite anterior. Leigh lembrava-se vagamente de como era. Na cidade, em seus anos pós-faculdade, quando seu corpo permitia que bebesse até as 3 da manhã e estivesse no trabalho às 9h, ela ocasionalmente tomava alguns goles de vinho no café-da-manhã para aliviar a dor. Lembrava-se de todas as noites na rua com Emmy e Adriana, vadiando pela cidade, do happy hour para festas de aniversário, bebendo demais, fumando demais e beijando garotos demais sem nome e sem rosto. Deus, isso parecia ter sido há séculos... os sete, oito anos pareciam uma vida. Agora os saltos nunca eram tão altos (como ela conseguira usar algo tão desconfortável?) e os bares lotados tinham dado lugar a restaurantes mais civilizados (graças a Deus), e ela não conseguia se lembrar da última vez em que ficara acordada a noite inteira a não ser por trabalho ou insônia. Mas, Leigh lembrou a si mesma, algumas daquelas lembranças felizes deviam ser uma edição revisada. Como poderiam não ser? Naquela época não havia um bom emprego, nenhum apartamento independentemente próprio e administrado e certamente nenhum noivo devotado."

À caça de Harry Winston 'Lauren Weisberger

Nenhum comentário:

Postar um comentário