sábado, julho 31, 2010

Não faz sentido pra você?

Então que eu voltei lá. Tava chovendo. Fui de boa vontade. Já tava tudo uma merda mesmo. Eu falei pra minha mãe: não sei o que falar pra ela. E minha mãe respondeu: só responde o que ela te pedir. E assim foi. A poltrona não era mais amarela. Eram duas poltronas pretas. Uma de frente pra outra. Ela me abraçou, pediu pra eu sentar. Pegou meu histórico e eu notei as folhas amareladas. Conversa vem, conversa vai. Eu lá sabia o que estava dizendo. Pra mim era tudo desconexo. Depois de tanta incerteza minha e volta algumas folhas do meu histórico e me faz mais duas perguntas. E eu respondo: não sei. Ela fala então que meus problemas continuam os mesmos, desde a última vez que eu fui visita-la. Eu que queria chorar o tempo todo, dou um sorrisinho e mordo os lábios até as lágrimas secarem. depois disse tudo resumido numa única devastadora frase o que eu enrolei a conversa inteira. Pra ela fez sentido. Pra mim, naquele momento também: continua fodida! Perdi todas as minhas esperanças. Perder a esperança traz um gosto bem amargo na boca. Faz os lábios formarem uma linha fina. A garganta engole alguma coisa engolível e aquilo fica lá, incomodando até as esperanças voltarem. Até se recobrar o sentido da vida. Eu não diria que tenha acontecido tanta coisa. É porque não minha vida não acontece nada. E quando acontece eu digo, quanta coisa. Depois de eu levar um tapa na cara, ter caído no chão e não ter mais levantado (até agora) ela me pediu pra ir até a poltrona reclinável. Lá ela me cobriu, se afastou de mim e começou com suas técnicas. Enquanto ela falava eu fingia. Nada do que ela disse entrou na minha cabeça. Falava, falava. Sei lá no que eu pensava. Provavelmente ria de mim. Ela saiu da sala. Voltou depois de um tempo insuportável. Talvez tenha achado que eu tivesse dormindo. Começou a falar comigo. Eu abri os olhos. Estava preocupada com a maquiagem, já que eu tinha chorado. Finalmente chorado. Ela queria que eu falasse que tinha dado certo, que eu ia mudar! E então eu falei! Isso! Que mentira! E ela sorriu triunfante. Pensei comigo, feliz? Que bom. Eu não. Ela me deu mais um liquidozinho que no momento que chegou nas minhas mãos pensei: lixo. Talvez seja por isso que não esteja fazendo efeito. Ou porque eu não esteja tomando... No dia em que arrumei minha mala o vidrinho caiu. Tava aberto. Metade foi fora. Me doeu só pelo fato do desperdício do dinheiro da minha mãe. Eu continuo tendo medo de sair lá fora. Sabe mãe, é por isso que eu não deixo tu ler meu blog. Chega eu te olhar com meus olhos marejados. Grandes. Temerosos. Ainda tá incomodando na garganta. Às vezes eu esqueço isso tudo. Aí eu fico com o riso fácil. Eu faço os outros rirem. Mas é impossível ignorar algo que te impede de respirar.

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