segunda-feira, novembro 29, 2010

Sinto falta de rir contigo, vó

“Em compensação, qual o garoto ou garota que não gosta de ter uma vó maluquete? Uma vó que a-do-ra uma cervejinha, que concorda com eles em tudo, que diz que estudar é mesmo chatíssimo, que oferece uma tequila ao neto adolescente com a maior naturalidade, que serve sempre de álibi junto aos pais, que conta as histórias mais escabrosas de família e dela própria e como enganava os pais quando queria dormir fora de casa?” – É só pular uma geração – Danuza Leão

Minha vó materna era assim. Só preciso mudar ali na tequila. Ela oferecia vodca mesmo. Mas eu cresci. Não queria mais posar na casa dela. Quando minha irmã parou de me acompanhar nos finais de semana para passar a noite de sábado com a vó, eu pensei, é louca! Tem coisa melhor que isso? Sim, aos doze anos eu descobri que tinha sim coisa melhor que isso para se fazer num sábado a noite.
Eu não moro mais na mesma cidade que minha vó. Quando vou visita-la é aquela visita meio que obrigada aos domingos. Em que ela oferece compotas de frutas e bolos. Que eu não quero comer. Assisto MTV. Minha irmã dorme no sofá. Minha mãe faz qualquer coisa da atribulada vida dela. Alguma conversa que dure mais que quinze minutos é sobre um programa de TV. Não é permitido falar nada. Minha vó talvez não perceba tanto a maldade dos outros e conta tudo. E esses outros contam tudo para todos. Nem um pio. Eu me entristeço com isso que só eu sei como. Eu realmente espero não precisar fazer isso com minha mãe quando tiver meus filhos. Não há conversa. Não há bom senso. Há sim um fingimento que ninguém se atreve a por às claras. Em mais alguns meses eu faço isso.
Não tem jeito de mudar isso? Mesmo? Ou talvez seja só eu querendo um tempo que não volta mais. Minha infância feliz. Que só era feliz por eu não perceber o mundo triste a minha volta. 
São tantas lembranças boas. Guardadas... 


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