sexta-feira, dezembro 19, 2008

Vaguei pra longe e unhas gliterizadas

Eu tava lá. Deitada. Olhando o céu. Olhando as árvores. Ouvindo a vizinha, a empregada da vizinha, e os filhos da vizinha. A cozinha deles é bem do lado do meu muro que eles construíram quando se mudaram. Eu lia. Pensava. Sei lá. Tantas coisas eu pensava. O que eu estaria fazendo a essa hora se eu não tivesse de férias. À toa? Isso eu pensei agora. Mas naquele momento que eu via as nuvens se movendo, sentia o vento batendo no meu corpo. Eu tava com frio. Eu tava só com um biquíni. E o vento esfriava meus pés. E depois minhas pernas e meus braços. Eu lia, viaja nos meus pensamentos, mas continuava lendo. Então eu percebia que eu não tinha entendido nada porque eu vaguei. Era algo legal, ler, olhar o céu e as árvores, sentir o vento. Eu tava na sombra, tinha acabado de almoçar e a jabuticabeira escondia o sol. Eu tinha a galinha. Aquele era o momento para comer a galinha de chocolate. Eu fui até a cozinha, peguei a galinha da geladeira. Voltei, comecei a comer. Aí eu parei de ler. Observava a galinha enquanto comia. O rabo dela tinha recheio e eu achei que ela fosse toda recheada. Mas engano meu. Quando fui morder o corpo descobri que a galinha era oca. Que decepção. Continuei a comer, até que cheguei na cabeça. A cabeça também era recheada. A crista, os olhos e o bico amarelo eram de açúcar. Aquele cheiro característica de chocolate de Gramado tava me enjoando. Eu não agüentava mais comer a galinha. Mas depois que eu tinha comido até o pescoço pra quê parar? Aí eu tomei um pouco de água da minha conhecida garrafinha de água que eu apelidei de Garrafinha da Ressaca. Só ela sabe o quanto ela é útil. Comecei a ler de novo. De novo eu parava porque percebia que não acompanhava a leitura. Eu tava longe. Mas só longe da leitura. Onde eu tava era bem ali. Deitada no gramado, debaixo da sombra, passando frio em pleno calor de uns 27 graus, só de biquíni. Eu tinha outras coisas pra fazer. Mas eu queria ta ali mesmo. Era legal. Eu sabia que eu nunca poderia fazer isso se tivesse em aula. Na rotina que me deixava louca. Agora, inconscientemente, eu sabia que eu podia e de fato estava ali. Mas daí eu cansei de não acompanhar a leitura, cansei de passar frio. De sentir o cheiro enjoado da embalagem da galinha de chocolate. E levantei. Mas eu gostei de fazer aquilo. Foi legal.
*
Eu fiz uma das coisas que mais considero idiota na minha vida: pintei as unhas de brilho prateado. Eu fui na farmácia louca pra comprar mais um tom de vermelho quando pensei: mas é verão! Deixemos o Gabriela, o Paixão, o Beijo e tantas outras variedades para o inverno! Fui olhar os rosinhas, os branquinhos, as bases. Nada servia; o que me pareceu mais acessível foi o prateadogliterizado. E cá estou eu me achando ridícula a cada movimento que faço e as unhas brilham, brilham e não param de brilhar. Fora isso, eu só consigo deixar minhas unhas no comprimento ideal (pra mim é 1 cm e alguns míseros mm) nas férias. Enquanto estou em atividade aula-dormir-aula-dormir elas sempre quebram. Percebi que as mulheres deveriam pintar a parte de trás das unhas também. De um lado um vermelho berrante e do outro nada (se tiver unha aparecendo). Por que não? Vou pintar de glitter atrás também.

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