domingo, agosto 23, 2009

'O desejo é o começo do corpo'

Ela falou bem assim: ‘ai que saudade de morar nesse prédio. Essa vista daqui, tudo tranqüilo. De olhar pra fora dessa janela.’ Logo quando ele entrou no ape, eu soube que eu não me esqueceria dele tão cedo. Aquele all star sujo, a bermuda rasgada e a blusa vermelha velha. A barba por fazer e o cabelo ‘acordei agora’. Eu não me apaixonei por ele, até porque ele tinha quase o triplo de minha idade. Mas o cara era tããão, mas tão gente boa. Ele tinha uma vibração positiva, e todo simpático, feliz, dando idéia pro ape, negociando, mal olhou pra mim, mas eu não tirei os olhos dele. Sabe, ele até contou a história de um casal de namorados que trocaram tiros a escadaria (aqui ele olhou pra mim) e depois ele repetiu: ‘báh, que saudade daqui, mas minha mulher quis sair...’ Ele também falou pra minha prima pra ela voltar de São Borja, que aliás, que idéia foi essa de ela ter ido pra Santa Maria...? Nossa, eu gamei naquele cara.
Olha que engraçado, minha mãe me disse que colocou Bruna por causa da Bruna Lombardi. Tudo que eu cato dela eu guardo. Eu aprendi a admirar a beleza dela. E o trabalho dela também. E sabe, ela é casada com o Ricceli. E sabe com quem o Ricceli se parece fisicamente. Ó Deus. Os traços são tão parecidos. Engraçado né...
Eu tinha vontade de pintar colorido. Eu abri a primeira, a segunda até achar na terceira gaveta o estojo do Pikachu. Com os gizes de cera. Pintei frente e verso várias folhas e numa desenhei as cinco cores das jujubas. Morango, laranja, abacaxi, limão e uva. Rasguei todas as folhas e joguei-as a fora. O estojo do Pikachu estava com o forro furado e dentro deste, havia muitos outros gizes de cera. Então os coloquei numa caixinha, costurei o forro e guardei-os. Eu chamo a cor salmão de cor-da-pele. Mas sempre me desenhava com o amarelo queimado (ou mostarda) pra pintar a minha pele. Enfim. Que preconceito.

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