domingo, outubro 04, 2009

Devaneios parte V

Ela falou: -Nossa Bruna, tu tira fotos esquisitas, de coisas que eu nunca tiraria.
Vejo-me esgotada. Com olheiras marrons – as pretas mesmo, só chegam com a noite. Tão cansada, tão improdutiva. Com tanta energia sufocada, com tanta vontade de sair voando, de ir lá pro mar e deixar ele me arrastar (quem foi que não me deixou ir até o fundo...?). Estou presa, com o molho de chaves nas mãos. Ainda não encontrei a chave que abre a porta dessa prisão interna. Mais quantas chaves restam?
É tão difícil perguntar se está tudo bem e ao mesmo tempo se interessar pela resposta né? Complicadíssimo... runf
Ainda estou em dúvida se a vontade de matar é maior que a de morrer ou ao contrário. Que dilema.
“-Viu Bruna, essas histórias de câncer oral...! Nada de bocato.
-Boquete. Boquete mãe.
OBS.: Boccato é um meio pub, meio barzinho daqui da cidade, haha.”
Meu nome não é GABI, nem DAI, nem LAURA. É BRUNA, e eu gosto muito dele. B-R-U-NA.
Sempre achei, desde pequena, que tenho pança de verme. Pronto falei. Não é por modéstia que eu discordo, é por falta de amor próprio mesmo. Fiquei tão feliz com o clima de verão que coloquei a camiseta do Piu-piu para dormir. Enfiei minha tornozeleira no pé errado? Medo. E passei um batom cintilante de pêssego.
Eu tava lendo um tal de Jiddu Krishnamurti, e de cara ele menospreza Gandhi. Parei de ler total.
Uma atitude que eu notei em mim nesses tempos: eu só respondo o que eu quero. Eu tenho deixado as pessoas no vácuo, totalmente sem resposta. O que eu odeio que façam comigo.
QUANDO TU ESTIVERES AÍ E BATER O VENTO NORTE, LEMBRAS DE MIM.
Umas das últimas coisas que me fizeram chorar: que quando eu era pequena, eu ligava pro Criança Esperança. Agora, esse mês de agosto que foi, eu também liguei. Quando eu ouvi a voz do Renato Aragão falando comigo me pareceu tão familiar. Minha irmã doava pro Teletom. Que eu e minha mãe compramos uma toca de inverno pro Marcellinho e quando a Martina pergunta que toca ele quer por, ele fala: ‘a toca da Buna.’ Que quando eu hibernei nas férias sem conseguir levantar da cama de tanto chorar, e saí da rua e a Ale veio na minha direção quando me encontrou pra me abraçar. Que eu disse pra minha mãe que amava ela olhando bem no fundo dos olhos dela.
Eu sei a letra da música, por mais que eu esteja sempre bem fora das idéias no carnaval (usando eufemismos) mas outro dia eu me liguei que estava cantado assim: ‘se a carona não chegar, olê olê olá’. Bem mais ‘fora das idéias’ do que no próprio carnaval. Quer ver, ‘se a canoa não virar, olê olê olá, eu chego lá...’
Eu chorava convulsivamente, tinha entrado e saído da sala umas 15 vezes e chamado a atenção de toda aquela corja. Quando sentei finalmente na minha classe, um me falou: - Olha que louca. Eu chorei ainda mais.
Não vem me chamar de burra porque eu não sei física, e tu que nem nunca ouviu falar de Kafka?
Eu descobri que eu ensaio para ser feliz. Fico pensando em inúmeras maneiras de me divertir. Acho que sou feliz...
Eu sei que tu gostas de mim. Eu sei que faz tempo que tu gostas de mim. Eu sei que tu odeias saber que eu sei que tu gostas de mim e não faço nada. Eu sei que tu odeias que eu te ignore, mas, desculpa, não é recíproco. E eu também não quero tentar que seja. Eu também odeio ficar me fazendo, mas eu tenho medo de ser verdadeira contigo e acabe machucando ambos. Viu, eu me importo contigo, apesar de tu seres completamente alheio à minha vida. Obrigada por tu se importar comigo. Desculpa se eu não posso te fazer feliz do jeito que tu queres. Eu não quero...
Não tinha mexido naquelas caixas até então. Fui procurar não sei o que e achei-as. Muitas caixinhas de chocolate. Dentro delas choveu nota fiscal, de mc donald’s, filmes, da farmácia, papel de bala, mais papel de chocolate, adesivos, laçinhos de presente, tampa de salgadinho, uns isopor coloridinho, perfumes e mais tanta coisa... Cada um deles significava (ou significa?) uma coisa especial. Quando eu lia a data, o lugar. Eu lembrava do momento. Do cheiro. Da comida. Do que eu senti. Me deu um aperto no coração d jogar tudo aquilo fora. Mas o que eu vivi está na minha cabeça. É preferível que eu me livre de uma vez só que chorar cada vez que encontrar as pequenas caixinhas.
Uma coisa que eu gosto de fazer: girar o CD ao contrário de quando dá play e gira.
“Quanto mais você a procura, (tanto) menos ela o quer ver. – Oração subordinada adverbial proporcional.”
O dia em que eu aparecer grávida em casa, meu pai me espanca até eu abortar! Certeza absoluta!
Felicidade na constância! Tomo um remédio que não posso beber nem foder, provoca tontura, alucinação e convulsão e se eu tomar mais que seis doses dou cabo na minha vida.
Casos de família segunda-feira: meu marido liga a TV no volume dois para escutar minhas conversas no outro quarto.
Casos de família terça-feira: meu marido esconde o cartão para eu não poder ir fazer compras no mercado.
“-Que que ela falou pra ele??? –perguntam minha mãe e minha irmã ao mesmo tempo.
-Que o filho era do dálit!
-AAAAAAH
-E ele deu um tapão na cara dela? –pergunta minha irmã.
-Não, Thuane, no cotovelo. Ele falou ‘dá o cotovelo aqui que eu quero te dar um tapa!’
(sobre quando a Maya falou para o Raj que o filho não era dele)”
“Diálogo entre eu e minha irmã:
-Ele passa a semana inteira trovando as gurias no msn, aí as gurias se empolgam, saem no fim-de-semana e ele faz o que fez com a G*, dá gelo. – eu falo.
-Diz que é casado! – diz meu pai.
(meu pai e essas malditas treta masculina)”
Eu fui ascender o incenso. Tirei um da caixinha, coloquei-o na boca, fechei a caixinha, e quando ia riscar o fósforo, percebi o que estava fazendo. Tirei o incenso da boa, pus no suporte e risquei o fósforo. Força do hábito. Era de manjericão.
“Ela olhou para o meu pingente e disse: ‘que lindo teu olho de sogra!’ Eu olhei pra ela, buscando algum sorriso de ‘tá me tirado né’ mas infelizmente não encontrei. ‘Burra – eu falei bem seca. Issoaquinãoéolhodesogra!’ E ela não entendeu. Depois, eu fui falar pra minha colega sobre isso e ela: ‘mas isso não é olho de sogra?’
Algumas explicações:
Olho de sogra é um docinho de coco com ameixa.
O meu pingente é um olho turco, usado para afastar mau-olhado e contra a inveja.
Eu juro, eu não tenho mais paciência pra tanta ignorância.”
Não seria uma boa prostituta: me apaixonaria pelos clientes.
“-Quebrou teu celular?
-É que eu mordi, daí racho aqui.
-Ah, eu também mordi meu mp3, daí o vidro quebrou.
-Sério? - teve um olhar compreensivo.”
Eu falei pra ele: “ele não respondeu meu toque.” E ele falou: “claro que não, ele te tem na mão dele... enquanto tu estiver babando por ele.” O ele²: “quem deveria dar toque é ele e não tu!” Ela: espera aí, e relaxa!
Se o menino que senta na minha frente tivesse um blog o post de hoje dele seria assim: “Eu tenho duas colegas trouxas, que passam a aula se lamentando, pois seus respectivos ‘peguets’ não respondem seu respectivos toques. Como elas são lesadas, e acreditam no que os caras falam pra elas!”
Meu dentista me odeia. Não odiaria se eu não aparecesse com um braquete quebrado toda vez que vou lá.
“Ele me olhou assim do nada e falou: ‘O R. não acredita em Deus! Que burro!’ e eu: ‘foda né?’ e ele: ‘é por isso que só se fode! Se não acredita em Deus vai acreditar em quem? Mas é um burro mesmo!’ e eu: ‘q’.”
Eu estava bem comigo mesma. Lendo ali o livro, meu dia tinha sido legal, acabou maravilhosamente bem quando tu lembrou que eu existo e por isso só tinha motivo pra dar risada. Mas não. Vinha essa melancolia toda... E não me permito ser feliz.
Homens! Se a gente fala é humilde, se não fala é orgulhosa!
“-Gente! – grita a ‘profê Ti’.
-Que problema vocês têm hoje? – e ninguém cala a boca
-Se é o que eu to pensando a receita é chá de EUCALIPTO!!!” (risos)
Eu acho tudo muito engraçado, sabe... Mas o meu riso é de desesperado.
“-Eu vou ter que te levar no fonoaudiólogo, Bruna.
-Credo, por quê? Ta tão ruim?
-Não. É pra não ter peso na consciência.”
Se até amanhã não vir, quem vai sou eu.
Alex e durex é bem confundível, né?
Eu estive tomando tanto remédio esse mês que um possível bebe estaria abortado. E meu quarto nem é mais assim:



“Era estranho como, às vezes, tomamos uma iniciativa e logo nos vemos mergulhados até os quadris.”

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