sábado, novembro 14, 2009

Prazer, ser utópico

Que droga essa gente. Depois de ir a essas festas eu penso seriamente em ficar em casa. Escondida do tipo de mal que eles causam ao meu espírito. E oh, que bom que eu estou aqui somente com dores nos pezinhos, e não com uma puta dor de cabeça e sentindo a bile subir na goela. É, eu ainda não aprendi lidar com todos os tipos. Ainda me magôo, e até se eu não percebesse, fosse alheia e não me importasse, mas eu me importo, e sinto muito por isso. Gostaria de me fechar ao um grupo que curtisse minha companhia do mesmo jeito que eu curto a deles. Gostaria de estar sempre rodeada de pessoas que gostam de mim. De verdade. Que não virassem a cara para um cumprimento, que não recolhessem a mão quando eu precisar, que não venham falar comigo só quando convém algo. Eu não queria mais conviver com essas pessoas que te decepcionaram pra oito vidas ainda não vividas e que falam mal de ti e espalham coisas negativas, que tem ódio dentro de si e fazem de ti um alvo para todas as mazelas do mundo. Eu não queria essa gente invejosa do meu lado, que olha três vezes antes de resmungar um oi, que causa intriga. Que faz suposições maliciosas, exalando veneno. Não queria tanta mentira, esses migués que me metem, eu não sou tão burra. Eu não queria isso perto de mim. De certa forma vai sugando aos poucos a minha energia positiva e meu sorriso e minha postura vão se inclinando, e eu só penso em encontrar alguém que me salve daquela situação de crias de 12 anos me rodeando, e aquela fumaça de cigarro entrando pelas minhas narinas, aquelas moças com 50 cm de circunferência na barriga os peitos caindo pra fora do vestido e a chapinha impecável, bêbadas, empurrando todos porque elas querem passar. Aquele DJ ruim, que fica gritando e colocando só um pedacinho da música e trocando de 1 em 1 segundo. Aquela gente vomitando no banheiro, do lado de fora da festa, aquelas guriazinhas chorando desesperadas no colo das amigas bêbadas no sofá no banheiro feminino. E sim, sempre se dirija ao último sanitário, porque as bêbadas não conseguem chegar até lá. E é por essa razão que o primeiro fica quebrado. Mas como isso se só tem cria na festa? Compreendo perfeitamente a mulher da limpeza quando ela olha praquelas meninas de 13 aninhos com olhos virados e a cara pálida. Fiquem em casa. Eu também pretendo fazer isso. Não se bebe para ficar bêbado; se fica bêbado por conseqüência. Eu só gostaria de sair do banheiro sem ter aquele montaréu de homens me comendo com os olhos. Eu só gostaria de entrar no banheiro sem encontrar aquelas megeras me analisando milímetro por milímetro e gritarem: “olha o papel no sapato!’. Só queria ver um amigo que faz tempo que não vejo e dar um abraço. Só queria conversar com um colega que nem gente. Mas não, tem alguém me chamando, tem alguém que quer eu faça isso, ou aquilo, que eu vá em tal lugar. Mas se for eu que pedir ninguém vai. Talvez deva pensar duas vezes antes de ir com essas pessoas. Talvez não deva nem pensar quando elas precisarem e eu estarei longe, além. Quem sabe então eu também fui a pnc. Sim admito. Também me sinto assim. Mas me vez uma acidez certa hora da manhã, que gente bêbada no pé, mais sono, mais cansaço, mais gente ainda empurrando e eu não consigo mais ser tão simpática quanto no início da festa.eu deveria filtrar os acontecimentos bons. Esquecer as pessoas más. Só lembrar do que me fez rir, dançar (difícil). De ver que há pessoas legais. E não só aquelas que me vêem e fogem de mim. Meninos, eu também fujo de vocês. Não pensem que eu vou pular nos vosso pescoços ou algo do gênero. Eu só quero conversar, não é só trovação. Quem pega mais, quem pega menos. Desculpa de eu afasto a caçada de vocês, e que eu não sou bem-vinda, ok, eu percebo. Mas eu nunca faria isso com vocês, nem que eu quisesse eu não conseguiria ter a mesma atitude. Eu não quero o discurso pronto; eu não procuro aprovação. Eu só quero um oi. Eu só quero amigos legais rindo comigo. Mas é utópico. Agora olhando pro lado eu vejo que há coisas que talvez nunca mudem. Que se eu não levantar a cabeça, esquecer os tropeções e purificar o espírito quem perde sou eu. A simpaticíssima Bruna.

“Tem também um lance do teto começar a pesar em mim, como se até o estado de não ter estado nenhum fosse insuportável. Estômago não é lugar de se guardar vida, meu estômago explica pra mim já doendo de uma dor sempre nova, como se todo dia eu tomasse um pouquinho de susto por nascer. Eu fico sem saber qual seria a outra saída então. Ou entrada. É tudo a mesma coisa e sempre. E lá vem a anorexia de guardar qualquer que seja a sensação, até a de não ser nenhuma. Pulo logo e me chacoalho, uma tentativa de esvair de mim esse sebo de coisas que me incomodam e grudam em mim e cada vez mais e vou me derrubando pelo dia pra poder, mais tarde, sossegar de novo.
Meu quadrado de ar e silêncio. Pra fora desse quadradinho ainda escuro tem tudo aquilo que já vi ontem e ontem e ontem e ontem e não cheguei a conclusão nenhuma. Eu não vou acordar nunca mais. Vou ficar aqui, onde a pressão não cai, os sinais de procura não gemem, as pessoas não me convidam pra falar em cidades longe daqui, gente não inventa de gostar ou não de mim. Deitada não tem intenção, queda, dor no pescoço, conta bancária, gente que me olha como se já tivesse comido meu cu bêbado numa festa e guardasse esse meu segredo. É contra esse tipo de olhar de corujas escrotas que eu nunca faria nenhuma das coisas acima. Mas por alguma razão, é justamente por levar esses olhares a sério demais que sinto que perco parte do que poderia ser uma história filmada por anjos metidos a documentaristas de meninas quaisquer. Ninguém tem segredo nenhum a respeito de mim mas eu tenho tantos que acabei com tendinite de tanto por pra fora. Vergonha eu teria de ser contada por alguém que jamais me contaria tão bem e com tanta verdade. É isso ou isso. (...) Vai lá. O jornal. Saber um pouco de política só pra não fazer feio em jantares e ir a jantares só pra não fazer feio com amigos e ter amigos só pra não fazer feio com a vida. Mas no fundo, uma vontade imensa de não fazer porra nenhuma dessas. Mas vai, dura tão pouco e quando acabar, não gosto nem de imaginar a saudade que vou ter de mim. Porque no fundo, no fundo, isso que pode soar como tristeza é só uma constatação corajosa de que dói sentir tudo e inclusive (ou principalmente) a nós mesmos. (...) Mãe, traz uma sonda e enfia na minha jugular, não quero mais que esses dias sejam culpa minha.” Vai lá ‘Tati Bernardi

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