domingo, janeiro 31, 2010

Devaneios alongados parte IV

Ela me encanta. Todo seu mistério, silêncio. Seu jeito pacífico. Tenho vontade de só ficar olhando-a. Mas tenho medo também. Ao mesmo tempo em que gostaria de me aproximar dela não gostaria de ter seus segredos revelados. E aqui os estão.
Eu realmente estava apaixonada por ela. Foi paixão à primeira vista. A voz dela tão suave. Ela tão quietinha. Tão delicada. Atrás do balcão, sorrindo pra mim enquanto me dava o troco da revista. Meu Deus, alguém conhecia ela? Da onde ela vinha pra onde ela ia? Eu não sabia de nada. Só que ela trabalhava lá, nos finais de semana. Era quase nove horas da noite ontem. Eu estava voltado da academia com minha irmã e uma amiga, e no bar da Avenida 7, lá ela estava. Sentada. Com as pernas cruzadas. Jeans, blusa de alçinha e uma rasteirinha. Fumando. Meu encanto foi embora junto com a fumaça das tragadas do cigarro dela. Eu olhava fixamente pra ela enquanto caminhava. Quem ela estava esperando lá? Porque ela estava lá? Porque porra ela tinha que ta fumando às nove horas das noite num bar???????????? Ela é tão linda. Era. Não sei. Bem que eu achei aqueles cabelos pretos tingido muito subversivos pro rostinho angelical dela (ok, sereno, no máximo). Ela não me viu. Ela estava olhando pro além. E eu querendo ver o além dela. Nesse final de semana eu vou lá. Nem que eu compre uma mísera bala para ela me dar o troco dela. diaxo. É perseguição. Eu só me envolvo com gente ilícita. As três últimas pessoas que tive algum relacionamento eu tenho certeza absoluta que já ingeriram substâncias tóxicas. O meu círculo de amizade está me sufocando. De fumaça. Morrerei passivamente.
“O sári (tecido com a qual as indianas enrolam o corpo sem usar botões, zíperes e alfinetes.) está para a mulher indiana como o jeans está para a ocidental. É roupa para todo dia e sobrevive a gerações. As avós por exemplo, costumam costurar colchas para os netos usando retalhos de seus sáris velhos.” ELLE, abril/09. Essa foi a coisa mais legal que eu li essa semana.
“-Mas a vó...
-Tu faz tudo o que eu tenho que fazer lá em cima?
-Mas to falando que a vó vai...
-CALA A BOCA!
-Eu...
-CALA A BOCA!
-Cala boca tu! Manda a NONA CALA A BOCA!
*Diálogo entre meu pequeno primo de 14 anos e sua amada mãe. A rua inteira ouviu.”
Assim como os livros, aqui estão os cinco últimos filmes que eu assisti:
-A sobrevivente; Atos que desafiam a morte; Mulheres com dinheiro; Pequena Miss Sunshine; As Panteras detonando; A noviça rebelde. E pra quem também não consegue dormir sabe que esses são praticamente todos os filmes que a Globo passou de madrugada nessa semana. E eu sei que tem mais que cinco, e tem mais. Mas depois de cinco itens minha memória falha.
Eu tenho medo, aliás, eu nem sei se é certo ter medo sobre isso, então melhor dizendo: eu tenho uma expectativa em relação ao meu futuro, com os hábitos que tenho agora, se eu os terei ainda mais adiante e se eles forem normais para uma pessoa adulta. Tipo tomar leite com Nescau. Anotar trechos de livros. Ou recortar revistas e colar numa agenda receitas de coquetéis, exercícios de bumbum, coxa e abdômen tábua, simpatias, etc., e também guardar papeizinhos de viagens, e anotar freneticamente tudo o que eu tenho que fazer, e comprar compulsivamente coisas, querer cozinhar e nunca ter todos os ingredientes, sei lá. Pra minha idade isso é perfeitamente normal. Mas e quando eu for adulta? Eu não gostaria de perder isso. Apesar de minhas compras poderão se tornar dívidas. Eu não gostaria de ser endividada, sabe. Será que eu levarei meus hábitos comigo? Essas dúvidas me parecem tão absurdas de vez em quando. Eu me preocupo com acontecimentos naturais da vida. Aqueles que quando tu vê já não existem mais, saem acompanhados da rotina, sem dizer tchau, dando espaço pra tantos outros...
“Ter disciplina pessoal significa decidir o que deve ser feito, e fazer. E isso não pode depender da vontade o momento. Tem que depender da decisão que foi tomada antes, porque a vontade é emocional, enquanto a decisão é racional. E o comandante tem que ser o racional, pois é ele é quem tem o discernimento sobre o que é bom q o que não é bom. O emocional só diferenciar o agradável do desagradável, o que não serve como critério para as grandes decisões.” Revista Vista Simples, dez/jan 2008.
E depois de um tempo sem ter vontade de levantar da cama, e por uma pequena parte inicial devida a preguiça, hoje eu saí de casa! Depois de tipo, uma semana. Isso me acaba.
“Você já teve vergonha a ponto de sentir uma pinçada no peito e um leve tremor no cérebro? Acordei com isso hoje. Sonhei com você. E foi o suficiente pra passar o dia recapitulando nossa história. Quer dizer. A história que inventei sobre nós dois. Quando lembro de tudo que falei sobre a gente, sobre as expectativas que criei, é inevitável não me sentir ridícula. (...) É tão patético pensar que criei tudo que eu dizia existir entre a gente. Simplesmente moldei um sonho e saí escolhendo quem se aproximava dele. Forcei como quem tenta forçar uma peça de quebra-cabeça no lugar errado. Falta uma curvinha, sobra uma pontinha, mas quem liga? A ansiedade de encontrar a tal pessoa era tanta que ignorava seus sinais. (...)Gosto de acreditar que é coisa genética, sabe? Nasci assim e só existe um modo de viver com sanidade: tomando doses diárias de realidade e correndo, desesperadamente, de qualquer possibilidade de fantasiar uma situação. Que é exatamente o que fiz com você.
Sei que fui imatura, desesperada, cruel. Eu pedia honestidade e você era honesto. Mas eu ouvia o que queria e ainda espalhava a minha visão deturpada de você pra todo mundo. De nada adianta a sinceridade quando a verdade não convém.
Nem sei se pedir desculpa adianta. Acho que nem é o caso. Mas quero dizer que agora entendo seu lado. Parecia meio maluca na época, insistindo tanto, dramatizando tudo sem necessidade. Tentando trazer minhas fantasias para sua vida. (...)”. Sim.
“Você come uva com faca? É isso que estou te pedindo. Você come uva com faca? Não. Claro que não! É essa a questão.”
“-A escola de música fechou. Por que será?
-Porque o professor não sabia quem era Jimmy Hendrix.
-Os alunos protestaram.”
“-Nas Americanas tem um kit com esses esmaltes. É 14 pila, dá o mesmo preço já que os esmaltes separados custam R$2,00.
-E têm todos esses vermelhos???! Oooooh!
-Aham, tem o da luxúria, o da inveja, olha o da gula...
-E o Gabriela? Não tem Gabriela nesses vermelhos?
-Gabriela não está nos Sete Pecados...”
Ela tem vários livros em casa. O que ela estava lendo agora era Olga. Esse foi o da última escola em que ela estudou. Ela disse que de cada escola ela tinha vários livros. Dentro de caixas grandes. Livros que na primeira folha havia um bilhete que dizia: ‘este livro pertence à biblioteca do colégio. Conserve-o e devolva-o até na data marcada’. Conservados estavam, devolvidos hm...
Fomos até a biblioteca do momento. A minha querida e mais recente biblioteca que me rende boas leituras. A bibliotecária estava furiosa. Porto Alegre não mandava livros novos fazia seis meses. ‘Vergonha!!!’ Conversa vem, conversa vai e eu querendo ir embora. ‘E as pessoas não devolvem os livros. Elas acham que a gente não tem controle. Atrasar um ou dois dias tudo bem. Mas deixa eu contar uma história que aconteceu essa semana. Nós estamos com uma lista gigante com mais de quatro páginas de pessoas que estão com livros nosso em suas casas. Nós estamos ligando para essas pessoas viram até aqui devolverem. Essa semana, nós ligamos para um rapaz dizendo que ele tinha um livro pra nos devolver. Quando ele chegou aqui nem dava pra ver o rosto dele com a pilha de livro que ele trouxe segurando. “Falta de respeito essa gente que não devolve os livros. Quem quer ler não tem porque tem alguém que nem se lembra que está com eles.”
Fatos.
Ele fica vagando pela casa. Está no banho. Está na sala vendo TV. Está no computador. As três mulheres. A mesa da janta não está feita. Porque as mulheres não foram arrumá-la. Então ele fica esperando. Até alguém ir arrumar. Mas até agora as mulheres não foram. E ele está com fome. Provavelmente ele irá até a cozinha, começará a praguejar, pegará pratos e talheres só pra ele. Quando as mulheres arrumam a mesa elas não arrumam só para si próprias. Elas arrumam para todos. Fim.
Claro que eu não estava assistindo a estreia do BBB10. Eu estava na sala, comendo grustoli da minha vó e lendo uma ELLE de abril/09 quando Viver a Vida acabou. Mas vou dizer, a casa do Dicezar (?????) era linda, super colorida, animada.
E mais: sobre os ‘tipos’ dessa edição. Eu falo: nossa, olha esse. A vó fala: mas bom, nunca se sabe, vai que tu se apaixone por um desses. Eu falo: já me apaixonei. A vó fala: então era por isso que tu tava naquela fossa esses dias? Eu falo: NÃO. E olho fixamente para a TV sem responder o que ela pergunta adiante). Pois é né, porque será que o grustoli ficou seco, heim? Será porque tu tomou a cachaça ao invés de por na massa? Faz 49783895 dias que tu vem aqui e fala pra eu não chorar, pra mim não ficar triste. PORRA. TU NÃO SABE DOS MEUS MOTIVOS E AINDA VEM DIZER: ‘E EU LEMBRO QUANTO TU ME DISSE: VÓ NÃO FICA TRISTE’. OK. Tu só quer ajudar. Mas não venha me dizer isso às 11 horas da noite de uma terça-feira com cachaça na mente. Não toca nas minhas feridas.
Eu o consumo às 17h30min. E às vezes em alguma página da CARAS. Mas sabe, a música até que é boa. O problema são as letras. E é impossível escutar as músicas sem prestar atenção às letras. Horrível. Falta, eu já disse que falta. Tipo Fresno, sabe? Não, não, Fresno é melhor. Fresno toca ‘se algum dia eu não acordar’, que eu escutava quando estava na 6ª série, talvez lá em 2004. ‘Você chorariiiaaa, se arrependeriiiiaaaa? Sealguuum diiia eu nãoacordaaar...’
Parei de sair de casa sabe. Eu sempre paro. Quando eu estou na rua eu compro tudo. Passo em todos os lugares que tenho que passar e gasto dinheiro. Em casa não. Eu tenho preguiça de sair só pra ir comprar a bolsa de imitação de pele de cobra com corrente dourada. Ou CD e DVDs pra gravar fotos e filmes. Eu vou à locadora, escolho os filmes e mando outra pessoa ir devolver. Preguiiiiiiiça..............

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