A princesa da mamãe

Chega um momento da tua vida que tua mãe deixa de ser só mãe, e passa a ser uma grande amiga.

Que o olhar que ela troca contigo não é o de advertência: “cuida!”, passa a ser o de cumplicidade: “nós sabemos...”

Que toda a educação que ela tinha que dar, está dada, e falar palavrões é permitido: “mas só entre nós”.

Que ao invés de sair e beber escondido com suas amigas, tu jantas na companhia dela com uma cerveja ou um vinho especial.

Que o assunto sexo, já não é mais um assunto que confunde e sim conversas que rendem risos e risos.

Que não é ela que te leva pra escola, e sim tu que a levas para passear.

Que é tu que empurras presentes a ela, ao invés de puxá-la para dentro de lojas nos dias das crianças.

Que se percebe que tu nunca saberás mais coisas que ela. E que trocas de experiências são tão necessárias...

Que confidências entre mãe e filha são importantes – em todos os sentidos e motivos.

Que aos 12 anos, quando sua companhia é facilmente substituível pela das amiguinhas, ao passar 6 ou 7 anos, é imprescindível.

Que finalmente tu entendes porque ela sorri quando te vê feliz. Tu descobres que é recíproco. Que a felicidade dela te abres um enorme sorriso no rosto.

E mesmo assim, tu continuarás ser a pequena dela. Pequena do lado dela. O orgulho dela. A princesinha.

Sinto falta de passear por todos os corredores das Americanas contigo. Falta de ir ao Caitá comprar verduras. No Master comprar o necessário e sempre sair com o desnecessário e ver a vitrine da Bankhati. De passear com a Kitinha nos dias frios de outono. Mesmo sendo arrastada. De chegar em casa e ter tu pra me dá oi. De deitar na cama contigo para assistir um filme bem tarde da noite, e tu só acordar no final. De acordar cedo e já ter o meu café esfriando na xícara. De poder de abraçar nos momentos repentinos de tristeza. De tu se atirar na minha cama e nós ficarmos conversando, encolhidas.

Talvez ninguém entenda que a falta que uma mãe faz não é só da comida pronta, da roupa lavada e passada, da casa limpa e organizada.

Mas entenda a falta que uma amiga verdadeira faz.