domingo, agosto 16, 2009

‘Deixamos de sentir, o que a gente sentia, e que trazia cor ao nosso dia-a-dia, deixamos de dizer o que a gente dizia...

deixamos de levar em conta a alegria...'
Eu acho que meu otimismo ta voltando. Que nem quando tu me disse: ‘não, pera aí que agora vai, vem.’ Eu sei de tudo. Tenho todos os dados estampados na minha frente. Sei qual é meu problema, sei a quem recorrer, sei como soluciona-los. E porque ainda estou aqui, assim? Porque quero. Simples. Eu to conseguindo simplificar as coisas. Tive uma visão muito ranzinza de tudo. Acho que um pedaço meu apodreceu e eu fui deixando o resto apodrecer também. Pesou tudo de uma forma muito brutal. Eu não consegui distinguir muito bem as coisas. Eu deixei, digamos assim, o açúcar de lado. Não conseguia sorrir e sabia disso tudo. Tinha plena consciência. Me deixei abater. Deixei de viver. Ainda que comia. E lia, li bastante. Escrevi uma carta-suicídio até. Engraçado né? Enfim, eu quis mesmo foi chamar a atenção pra mim mesma. Eu via tudo acontecer ao redor dos outros, sempre os outros, os outros. E eu nada. Tive momentos de só eu, mas para minha vaidade, foram poucos. Eu estava lendo Cazuza, e fui guardar as compras que minha mãe tinha feito de tarde. Só tinha coisas que eu gostava. E eu não sei da onde veio esse pensamento: ‘que que eu to fazendo da minha vida?’ veio, assim, do nada. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu só peço pra não ser tão rápido. Fácil pra mim sempre foi escrever, eu me engasgo é pra falar mesmo. Eu até conseguindo. Mas espera mais um pouco. Eu ainda to assustada com a menina que morreu na volta da Disney; como eu implorei pra estar no lugar dela, se Deus me ouviu ele me enviou a gripe suína. Mas eu já me conformei com a morte, ela parece ser tão minha amiga. Eu só não me conformo com esse tempo todo que fiquei esperando por ela. Agora tudo está mais claro. Tive uma faze muito suscetível às coisas ruins. Sabe, a minha imunidade espiritual baixou e tudo o que tinha fedendo no ar grudou em mim e eu deixei esses se alojarem do meu corpo. E de certa forma, até era cômodo. Até que. Vejo que o fim do mundo (pelo menos o do meu mundo – se eu não estiver com a suína) está um pouco longe ainda. Dá pra jogar tudo pro alto, e viver no ‘depois a gente resolve isso, vamos curtir o agora’. Eu realmente fiquei triste com tanta estupidez, mas não dá pra baixar a cabeça e aceitar. Ou a gente revide, ou a gente ignora total. Bem que eu quis dar uns socos. Quando eu comecei pra valer a ignorar eu até respirava... Quando eu olhei meus braços hoje no banho eu meio que senti vergonha. Adiantava eu passar glitter nas unhas se ela ficariam me machucando – eu me machucando com elas. Não. Muita coisa eu vi que não adianta. Dessa gente medíocre eu quero me ver livre. E eu já me vi livre de muitas coisas nessas quatro semanas que fiquei em casa. Mais um menos um, a vida ta aí pra já. Pro it, que nem diz Clarice. Aliás, o livro de cabeceira do Cazuza era Água Viva, da Clarice. Igual ao meu. Pra amanhã, eu já tenho novos planos. E dessa vez eu vou mesmo. Não quero mais ficar em casa. Mesmo com a minha gripe, que pode ser a suína. Vou me comprar uma daquelas máscaras azuis. Eu coloquei uma pulseirinha de reggae no pulso esquerdo. Ela tem pendurada uma conchinha e uma porcelana pintada. No meu tornozelo direito tem uma tornozeleira que eu ganhei, ela tem dois sóis pendurados. Tem muito aroma de açúcar branco aqui dentro. Eu me sinto renovada. E pra toda renovação uma mudança. Todas as mudanças. De novo só sinto que agora irei pra frente. Só pra frente.
“Sintonize sua vibração
Não há tempo pra viver em vão
E não pense mais em desistir
Existe um mundo que só quer te ver sorrir”

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