domingo, agosto 09, 2009

Faz três dias que não saio de casa, e apresento-me gripada


É a gripe suína.
De todas faces que vi no espelho nenhuma foi a minha. Me engoliram e eu me perdi. Agora estou sob domínio deles. E por mais que esteja bem agora, sei que voltarão e farão me fazer regressar. A noite cai e eles vêm junto dela.
Gostei muito. Estou animada até agora. Não sei de ti, mas me fez muito bem essa conversa. Consegui, de todas as formas, anular o que não foi feliz no dia. Agora, pensando, enquanto uma mariposa bate suas asas na parte de fora da janela do meu quarto que, o mais importante é que fomos amigas. Tu não sabe que eu tenho as bolinhas brilhantes da tua festa, nem que me sentia inferior de algum maneira ou outra em relação a ti. Eu não me sentia segura contigo, apesar de confiar em ti. Acho que foi por isso que não foi pra frente. E a culpa jamais será tua, porque tu nunca quis ser mais do que eu. Tu simplesmente era, querendo ou não. Ainda sendo... E eu aceitei, assim como sei que agora, ninguém é melhor que ninguém, provando nossas conversas pacíficas e seguras de minha parte. A nossa amizade era muito diplomática.

É o fim do mundo todo dia da semanaEu estou com muita vontade de sair de casa. Meu destino? Primeiro eu iria ao banco, tiraria dinheiro para pagar a academia, depois eu iria até a academia e pagaria a mensalidade. Depois passaria em alguma loja de doces e compraria um saco de jujubas. Depois eu iria à banca dos hippies e compraria uma pulseira. Daquelas que soltam ondas de positive vibrations. Aí eu passaria na Biblioteca Municipal e ficaria lá até espirrar todo o pó de livro velho e me estressar com a anta do balconista (“-Que livro tu quer? -Incidente em Antares. –De que autor é? –Érrrico Verrísssssssimo. –É americano? –Brasileiro.” [!!!]) Então viria pra casa, porque mesmo estando em pleno inverno, no mês maldito de Agosto, está 25ºC. Um mormaço, um vento de chova, eu sei lá. Parece verão, e eu to desesperada aqui fechada. Eu olho para fora e meu impulso de sair é enorme. Mas sei que não posso. Com alguém de tão má índole me acompanhando é bem capaz de ocorrer algo desagradável. Todos os meus pensamentos até agora foram ruins, péssimas idéias. Desde comer miojo com brigadeiro até me asfixiar com a almofada laranja da sala. O miojo eu comi, e ponto. Eu pedi ajuda. Eu falei que a sanidade estava indo embora, mas tu não me ouviste... sofrerei.

Descobri uma maldade muito grande dentro de ti. Mas tão grande que agora estou com medo. Sério mesmo. Tenho vontade de chorar. Com tua crueldade herdada. Eu nunca pensei que isso pudesse existir. Sabe, só acontece em novela. Né? Não. Meu Deus, tenho medo de olhar para dentro dos teus olhos. Tenho medo de me encontrar contigo novamente. Acho que só rezando para ver se esse encosto que está do meu lado suma. Teu semblante é perverso. Quando tu tiveres consciência que tem todo esse poder malévolo não quero estar em sua presença. Adeus.

Peguei o cardápio, fiz o pedido e fui sentar. Nisso vem um moreno alto e magro. Cabelo e olhos negros, sem barba, e com um óculos sem aros. Terno preto, camisa branca sem gravata, sapato preto com bico quadrado. Ele senta, olha para os lados (me vê?) e pega o laptop. Abre-o. Pega mais alguns papéis na pasta fica analisando. E eu o analiso. Idade? Deveria ter uns 40 anos. É velho pra mim. Mas e daí? O sex appeal dele me invadiu. E eu não consigo tirar os olhos dele. Ele me percebe. Encara-me. Sinto meu corpo. Ele abaixa a cabeça. Eu continuo olhando e às vezes até dou ma risadinha descontraída para minha irmã que está sentada na minha frente. Chega meu pedido. Me interesso em comer. Primeira mordida: mordo e olho pra ele. E ele me olhando. Eu penso comigo que eu nunca mordi alguma coisa encarando fixamente alguém – um homem – como se essa coisa fosse o tal homem. Agora, parece que ele está incomodado. Embaraçado? Ele olha para os lados como se verificasse se mais alguém está observando. Eu continuo comendo. Disfarço agora. Ele se levanta, e eu agora triste – vai embora?! Guarda o laptop e os papéis e...: olha pra mim. Sério. Com cara de “faziatempoqueninguémecomiacomosolhosmas,meudeus,eutenhoidadeparaserseupai,garotinha’. E eu com cara de: acaboumeudivertimentoquandonosencontraremosdenovo?
Eu sei bem o que tu diria. Por isso imagino um diálogo entre nós. Isso me acalma. Eu sinto frio e fome. Frio porque não me vesti. Mesmo tendo roupa e a temperatura a 8ºC. Fome porque eu não gosto da geléia de maçã que tinha em casa. No elevador que fala, estava meia-noite e 60ºF. Eu pensei em fazer o cálculo. Como que fazia o cálculo? Eu não lembrava e não lembro até agora. Ouço o barulho da bicicleta. Esse barulho repetitivo que se fixa na minha cabeça. Eu tenho tudo e desfaço. Me sinto um lixo como pessoa. Eu me sinto um lixo vendo as pessoas deixar a comida no prato e eu não falar nada. Mas fazer o que? Sou eu que vou ensinar educação pra quem não tem? Eu triste. Mas como comparar minha simples tristeza com toda a tristeza que assola que não tem nada. Parece que eu tenho um nível para gostar das pessoas. É como se fosse um teste. Se a pessoa sofresse algum acidente, ou tivesse alguma doença e estaria no hospital internada, eu iria visitar? Eu não faço caso ela morresse, porque eu sempre choro com as pessoas que morrem. (com todo esse vai-e-vem de um lugar pra outro, com uma tal companhia, falando no telefone com alguém que eu era super próxima e de repente acabou. Nós sendo atropeladas na rua porque o sinal é diferente da nossa cidade. Isso me fez sonhar com a tua morte. Digitando o tal ‘teste de nível’ lembrei do sonho. Eu estava muito triste, mas não chorava. E meus Deus, eu estava apavorada porque tu estava morta, pessoa, e eu não chorava. Acordei indignada comigo mesma, porque caso tu venhas a falecer eu vou desidratar. Por favor, viva. Eu acho que ainda preciso um pouquinho de ti, mesmo que tão indiretamente.)

É muita injustiça pra uma pessoa. É muita. Só não desejo teu mau porque tinha mais pena de ti do que qualquer outro sentimento. É mais por respirar fundo não olhar para os lados e só ir em frente. Tu és tão apegado ao material que chega ser um objeto. E o pior é que tu tratas os outros como se também fossem. (e esse amontoado de letras é tão fútil quanto tu =D) Deixei de digitar alguns textos meus porque eles fediam a podridão. É tão chato escrever sobre algo que não sinto mais, na hora me ajudaram mas agora recordando só me prejudicam. Tchau você, tchau textos.
No meu arrepio de quase choro eu penso. Como eu posso pedir para ti não me pegar se eu não te largo? Não pode ser tão errado, se isso acontece dessa forma, é porque precisa ser assim. Continuarei me arrepiando e não chorando. Pensando se tu também pensa tanto como eu e pedindo à Deus que eu não sofra tanto. Eu não preciso de toda essa merda. Quem sabe eu me livrava de mim também. Quando penso na minha vida sem ti, eu quase choro (de alegria) ao perceber que ela existe perfeitamente me sinto num filme dramático nem perto do fim.
O sol não saiu hoje. Mas posso vê-lo. Eu não sabia, mas quando viram, disseram que eu tinha ido ao parquinho. E agora eu estou encapuzada. Com uma vontade muito importuna de vomitar. (e agora enquanto repasso isso, me volta tudo..) De gritar. Tu me olhas algumas vezes como se fosse minha amiga. Aquela amiga das confidências e internas. Mas tu logo lembras que um dia foi. E eu lembro que não. Que pra ti não fui nada. Talvez seja melhor, talvez um dia entenderemos. Só sugo tuas qualidades. Essa tua inveja, e posterior vingança eu to aprendendo a ignorar. Somente o que presta eu seguro. O resto não utilizo. Falo como se tu fosses um objeto. Tu me trata como se eu fosse um.

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