domingo, agosto 02, 2009

Devaneios parte III

Sendo sozinha, sendo minha.
Dancei. Fui dançando junto até soltarem minha mão. Dei um rodopio, fiquei feliz momentaneamente. Me percebi sozinha. Dancei..
E que se foda também. Que eu me queime. Me olham já com os olhos fumegando de ódio e raiva. Eu posso estar me queimando ao falar com ela. Eu posso estar me queimando ao falar contigo. Ninguém será aceito por todos. Eu só queria viver minha vida com um pouco mais de sossego porque esses ‘outros’ estão cada vez menos inclusos nela.
“-To com cara de quê?
-Sei lá, de desolada.
-Unnf.”
Consigo me ver arrancando pedaços de mim mesma. Jogando-os fora e pensando: menos um, menos dois...
Eu vou fazer tudo o que tu tanto odeia, só pra ti sentir pelo menos ódio de mim.
Eu sinto minha cabeça já fervida, já pegando fogo. Mas só de pensar que poderá haver tédio na nossa relação eu tenho vontade de comer os dedos. Penso então em mais mil coisas que podemos fazer juntos e tento relaxar. E quando acabar essas mil coisas? Bastará trocar minha roupas? O lugar? Aí tu me deixarás? – nem começou e já estou pensando em quando acabar. Eu falei que eu preciso que tu me segures - com esses teus braços tãããão grandes, e me aperte dentro desse teu peito tãããão grande e não me deixes sair jamais - ou até o fim... (sinto dizer Bruna, mas o fim já chegou sem nem ao menos ter começado).
Sofro feito uma condenada. Depois olho para trás e dou risada.
Há tantas coisa boas que já não existem mais. Há tantas pessoas boas na qual não converso mais...
Não vou dizer pelo o que a gente viveu junto, porque a gente não viveu nada. O que me tortura é essa falta de palavras. Nem monossílabas, nem nada...
Escrevi um texto ontem. Mais um amontoado de frases que no fim eu separo em parágrafos. Hoje na gaveta que eu coloco tudo onde não tem lugar para colocar eu achei um outro texto que fazia tempo que tinha escrito. Os dois tinham a mesma frase. Com apenas duas palavras diferentes. Tenho ainda mais certeza agora que o fim chegou. E me libertou. Eu me sinto mais leve e sabendo ou não de tudo, é melhor assim para mim.
Todo meu sofrimento transformei em palavras que iam se escrevendo enquanto apertava a caneta contra meu dedo e ouvia o chiado do grafite deslizando no papel. Filtrei tudo que é ruim e joguei fora. ‘Só ficaram as coisas que valem a pena. ’
Sou a platéia. Às vezes sou a atriz principal, a coadjuvante. Nessa peça de teatro de mau gosto que é a sociedade.
‘Vou deixar pra pular na ponte quando chegar nela.’
Pra lá de Marrakech com a caveira cheia de piñas coladas (ou vinho de pêsgo)! Mais uma noite agitada, da qual eu não tinha há uns 5 meses! Não que me orgulhe, até porque os roxos sempre surgem misteriosamente em partes misteriosas do corpo. Talvez em companhia de Jesus, ou da Santa Ceia inteira, ou dando banda em Netuno, sei lá. De lado, sossegado – deletada.
Eu mesma me denuncio. Me passa despercebido, mas aquilo que serei, mesmo não sabendo já está dito.
Enquanto eu estava no telefone e esperava retorno, o meu radinho tocava: ‘guantanamera... guatanamera...’ e o silêncio do outro lado da linha.
Eu e o meu déficit de atenção. Não é tão grande mas o suficiente para ser importuno.
Me segura, eu vago demais.
Me toquei de ir atrás do tal texto. Já que ele causou tanto auê, (e eu que te disse ‘vai que alguém lê, né?’). Ele estava lá na terceira página dos Posts Anteriores. Quando me falaram que era muito forte e como eu poderia ter escrito algo daquele tipo eu até fiquei pensando: será mesmo que eu exagerei? Li o texto com a mesma expressão do início até o final. Ah, não, no final eu dei uma risadinha porque percebi que ele se destinava a mais de uma pessoa. O último parágrafo eu escrevi com ódio. Os outros com tristeza. Sim, lendo me recordei do momento. E a última linha dizia que eu já nem me importava mais com tudo aquilo. Continuo não me importando. E forte mesmo foi meu sentimento, todo meu sofrimento. Não as palavras que ficaram.
Eu acho que eu estava ficando meio louca. Eu conseguia me fazer dores de estômago e dores de cabeça que nunca tive. Minha preocupação? Algo que me sufocava. Tarefas, tarefas, telefonemas de cancelamento e adiamento. Ir e voltar de a pé. Voltar de a pé. Filmar e formar diálogos. Conferir horários. Comprar passagens. Ir de a pé. Pegar o ônibus. Pegar dinheiro. Ai ai ai. Que bom que a dor foi embora. Agora suave na nave!
“Eu estava pensando no cheiro do teu perfume. Eu sabia que tu estava vindo falar comigo, porque o perfume ia ficando mais intenso, ele te denunciava. Aí eu fiquei imaginando tu vindo na minha direção.
-Bruna pega um saco (...)
Eu pego o saco ainda pensando em ti.
-Saco pra quê?
-Pra tangerina eu falei. Pega um saco e escolhes tangerinas.
Ah. Eu acordei do transe.”
Eu e mais só uma pessoa sabíamos onde eu estava indo. Fui atrasada, mas certa do que estava fazendo. Quando voltei, parecia que tinha ido ao front – se incluirmos bombas e canhões dá até uma metáfora. Minha mãe pede: aonde tu foi? E eu respondo: eu? Ahm, no cinema! Assisti ahm, a.. Era do Gelo! O três! Mas, não paguei nada viu... eu fui acompanhada! E minha mãe: ah... sei. E o filme é bom? –ahm, sabe, eu não tenho mais paciência pra filme de bichinho sabe, mãe... –O filme é bom? –é... sabe, né, eles fazem esses filmes pra mostrar pras crianças que os bichinhos fofos estão morrendo por causa do aquecimento... ah, é pra alertar... –Então não vale a pena? –Sei lá... –E é bom namorar no cinema? (eu nunca fiz isso, DEEEEUS) –ah, sim, no escurinho. Rsrs... Mais tarde no Google, encontrei a sinopse do filme pra ver a merda que eu estava falando anteriormente.

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